HIZMET NA IMPRENSA
Criado no final da década de 1960 pelo imã e pregador Fethullah Gülen (1941-), o Hizmet, segundo seus membros, tem como principal objetivo promover a coexistência pacífica entre religiões e culturas, a democracia e a liberdade de pensamento por meio de organizações sem fins lucrativos, como centros culturais, escolas (incluindo universidades), jornais, canais de TV, hospitais e fundações.*
27.04.2016 Por Lourival Sant'Anna
Gülen, que nunca se casou, vive recluso em uma propriedade de 28 acres na zona rural da Pensilvânia, onde dá aulas de teologia para seguidores turcos. Ele contou que, pouco antes de eclodir a Primavera Árabe, em 2011, recomendou ao então chanceler turco, Ahmet Davutoglu (que depois foi primeiro-ministro) que incentivasse a democratização da Síria. Na época, Erdogan era muito próximo de Assad. Gülen diz que propôs uma democratização gradual, como a que aconteceu com a Turquia a partir de 1946. “Eles pensaram: ‘Por que vamos ouvir um pregador?"*
Aos 74 anos, o clérigo, escritor e educador lidera um movimento que ensina uma versão moderada do Islã, decorrente dos ensinamentos, modernizados por ele mesmo, de Said Nursi. Seus adeptos têm fundado uma série de instituições em todo o mundo que promovem atividades inter-religiosas - ele iniciou diálogo com o Vaticano e com organizações judaicas - e interculturais.
Do artigo do Fethullah Gülen para jornal francês, Le Monde, publicado em 17.12.2015
“Compartilho a profunda frustração de um bilhão e meio de muçulmanos, em todo o mundo, sobre o fato de alguns grupos cometerem atos de terrorismo enquanto vestem suas ideologias pervertidas como se fossem religião. Devemos condenar categoricamente a ideologia propagada por terroristas e promover uma mentalidade pluralista com clareza e confiança. Afinal, antes de nossa identidade étnica, nacional ou religiosa vem a nossa humanidade comum, que sofre um retrocesso sempre que atos bárbaros são cometidos."
Do artigo do Fethullah Gülen para o jornal americano, The Wall Street Journal, em 27.08.2015
"O extremismo violento não tem religião; sempre haverá pessoas que manipularão textos religiosos. O terrorismo é um problema multifacetado, portanto as soluções deveriam tratar as facetas política, econômica, social e religiosa. Abordagens que reduzem o problema à religião prestam um desserviço a uma juventude em risco e ao mundo como o todo. Muçulmanos devem combater o câncer extremista, denunciar o terrorismo, defender os direitos humanos e promover a educação. "
06 de março de 2008
Com sua crença declarada na ciência, diálogo inter-religioso e democracia multipartidária, o Sr. Gülen também recebeu elogios de setores não-muçulmanos. Ele é um pregador intensamente emocional, cujos sermões emocionados parecem produzir um impacto profundo em seus ouvintes. Mas o movimento que ele dirige é, notavelmente, pragmático e profissional. “Se você encontrar alguém da Ásia Central que seja educado e fale bem inglês e turco, saberá sem dúvida que ele estudou numa escola do Movimento do Gülen”, disse um observador turco.
A principal característica do Movimento Hizmet é que ele não pretende subverter estados laicos modernos, mas incentiva os muçulmanos praticantes a usar ao máximo as oportunidades que eles oferecem.
Do artigo do Fethullah Gülen para jornal americano, The Washington Post, em 21 de setembro de 2001, condenando os atentados terroristas de 11 de setembro, sendo o primeiro erudito turco a condenar esses ataques abertamente:
“Nós condenamos veementemente os últimos ataques terroristas aos EUA e sentimos a dor do povo americano no fundo de nossos corações. O Islam abomina tais atos de terror. Uma religião que professa, “Aquele que mata um ser humano injustamente é como se matasse toda a humanidade”, não pode tolerar o assassinato de milhares de pessoas. Nossos pensamentos e preces vão para as vítimas e para suas famílias.”
04 de agosto de 2008
Foreign Policy: Você prega um Islam tolerante e moderado. O que você acha que causa o terrorismo? Fethullah Gülen: O Islam abomina e absolutamente condena o terrorismo e atividades terroristas. Eu tenho repetidamente declarado que é impossível para um verdadeiro muçulmano ser um terrorista, assim como um terrorista não pode ser considerado um verdadeiro muçulmano. Terrorismo é um dos pecados principais que o Alcorão pune com o inferno. Para derrotar o terrorismo, temos que reconhecer que todos somos seres humanos. Não é nossa escolha pertencer a uma determinada família ou raça. Nós deveríamos nos livrar do medo do outro e desfrutar da diversidade da democracia. Eu acredito que a educação e o diálogo são os melhores meios de superar nossas diferenças.
Do artigo do Fethullah Gülen para o jornal Folha de São Paulo
“Como uma pessoa que já viveu muitos golpes de Estado (desde a proclamação da República da Turquia, em 1923, já foram quatro), posso recomendar ao povo turco: não seja a favor de qualquer golpe que seja”.